11 abril, 2010

O designer e a arte de flertar

Só para deixar bem claro, me aventurar no tema – Design – não é uma questão de pretensão e nem do espírito aventureiro que verdadeiramente tenho. O motivo que levou esta modesta publicitária que vos fala a esse assunto foi um mais que sutil e humilde “pedido”. Vamos ver no que isso vai dar...


Você já percebeu que existem certas características que são inerentes a algumas profissões? O que você acha de um publicitário sem criatividade ou de um engenheiro que não morra de amores por Pitágoras?

Vamos lá, que tal me ajudar com a próxima pergunta? Quais características devemos considerar essencial para um designer?

Tenho minhas próprias teorias sobre o assunto (e mais uma vez não estou sendo pretensiosa). Mas pra mim, todo designer deveria dominar muito bem a arte de flertar! E para isso também tenho minha teoria.

A arte de flertar para mim é um comportamento comum entre seres humanos ou não, com segundas, terceiras, quiçá quartas intenções, numa leve insinuação de interesse. Dialogar, trocar piropos*(você já tinha ouvido essa palavra??? Nem eu, mas achei tão conveniente usar aqui...rs). E pode desembocar num relacionamento mais íntimo, desde que os interessados tenham interesse. A arte do flerte ou da paquera é cheia de peculiaridades e técnicas.

Quanta balela! Essa mulher é louca! Assuma, você pensou isso. E o que vou fazer com as técnicas que demorei anos para dominar? E a capacidade de observar e expressar idéias de um jeito diferente das pessoas comuns que investi tanto para aguçar? Segunda opção: Que nada, ela quer confundir minha cabeça, me fazer entrar em crise existencial achando que nunca vou utilizar aqueles conceitos de usabilidade, funcionalidade e durabilidade que me ferrava para dar conta nas atividades e nas avaliações.

Antes de conclusões precipitadas, que tal me dar uma chance de discorrer sobre o assunto?

Se o flerte pode ser encarado como uma expressão de sentimento por parte de quem flerta, me pergunto: Se dar o trabalho de verificar efetividade, eficiência e satisfação (usabilidade) de uma idéia/projeto não é uma forma demonstrar segundas intenções em relação a ele? É flertar!

Flertar é verificar se uma relação (independente do tipo de relação) é passível de execução, é viável, pois a partir do flerte pode se originar um relacionamento mais próximo e posteriormente mais íntimo, desde que ambos os interessados tenham uma correspondência de afinidades. Ser funcional é ser algo passível de execução (qualquer semelhança é mera coincidência!). Logo, verificar a funcionalidade de alguma coisa não é flertar com ela?

E para matarmos essa conversa, chegamos ao ultimo conceito relacionado a design que discuto nesse texto. A durabilidade, que é a capacidade de duração de um produto. E essa é a melhor parte da história.

O Flerte não é uma coisa durável. Mas é boa! Eu mesma me descobri uma inveterada na prática do flerte. Flerto com idéias, com autores, com viagens e projetos que ameaço realizar a vida inteira. Flertar é oportunidade de não ser leviano. Flertar é não ter pretensão, mas quem sabe? Pode rolar... Mas se Você quer de verdade, quer durabilidade, pule para próxima casa.

Flertei com esse texto, por um bom tempo e cheguei à conclusão que valia a pena, então resolvi avançar de estágio, seguir a diante. E agora estamos aqui. Eu sou dele e ele é meu.

E posso lhes confessar uma coisa, flertar é bom, mas efetivar o flerte também é. Experimentem!

* Piropo: Termo utilizado na região sul para designar dichote (gracejo) de galanteador, dirigido a mulher que passou perto.