12 maio, 2010

Percepção atômica (da série "escrevendo para designers")

Se destacar, conseguir seu espaço, ser reconhecido na sua área, o sucesso! Isso é o que todo profissional almeja.
Saber trabalhar em equipe, ser comunicativo, proativo, criativo, flexível, além de saber falar outra língua, ter conhecimentos em informática, e uma boa formação acadêmica. O mercado de trabalho está mais exigente do que nunca. E diante de tantas exigências, fico me perguntando a todo instante o que mais preciso para chegar lá.

E você, já se perguntou o que precisa para chegar lá? Ou melhor, o que um designer precisa para chegar lá?

Se você já alcançou as etapas que falamos algumas linhas acima (ou não, a ordem dos fatores não vai alterar o produto final – o profissional em que você vai se transformar), queria deixar aqui uma dica. Pra mim o profissional do futuro, aquele que anseia chegar naquele tão esperado lugar (lá!), tem que ter percepção atômica.

Ok, ok, então deve ser agora que eu vou falar sobre a tal percepção atômica, certo? Certo.

Quando o modelo atômico de Dalton surgiu, acreditava-se que o átomo, considerada a menor unidade da matéria, seria indivisível. A teoria caiu por terra quando mais tarde verificou-se que o átomo era composto por partículas menores ainda e com carga elétrica, os elétrons e os prótons. Acalmem-se habitantes do planeta das ciências humanas, letras e artes. Por favor, não me abandonem!!! Não vou entrar no mérito das teorias quânticas nem das leis da física.

Só queria dizer que o profissional do futuro deve ser como um átomo. Divisível e composto por partículas com cargas elétricas opostas. No mercado, ele poderá ser reconhecido como multi-especialista, mas para mim seriam intertextuais ou interdisciplinares, se essas palavras pudessem ser aplicadas como adjetivos.

Intertextuais á medida que dialogue com outros universos. Amplificando o conhecimento sobre o mundo. Convivendo com outras obras e autores que não somente da sua área e melhor ainda, de diversas áreas. Imagine uma discussão sobre as Mulheres de Botero* nas aulas de percepção visual ou ainda o estudo de poemas de Quintana nas aulas de estética. Que riqueza!

“Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo... Sim, ele poderá convencer os outros de sua angelitude - mas que trabalheira!”(Mário Quintana)
















Interdisciplinar na medida em que integra componentes na construção do conhecimento, relacionando realidade com a vida moderna. Exemplificando: a dança poderia ser inserida em vários cursos de diversas áreas inclusive na área de design. Valores e a história de um povo são contados através dos rituais de dança que podem ser observados no candomblé, nos reisados e nos sambas de roda. A dança pode ser utilizada como instrumento para se obter condicionamento físico e melhoraria na qualidade de vida. E por que não analisar a dança sob a ótica da fotografia, composição ou ainda da teoria e da prática da comunicação?

Sendo assim, você pode observar que o caminho é de pedra, mas ao longo do caminho, suas margens se apresentam cheias formosura. Há de ser mente e coração abertos, há de ser corajoso, há de ser curioso e sem preconceitos. Há de ser Designer, mas principalmente “Domundo”. E se minha dica for “quente” um profissional com essas qualidades seria reconhecido e diferenciado no mercado, quiçá de forma intertextual e interdisciplinar.
"Lá vem a triônica, a Formiga Atômica"...rs


* Fernando Botero, pintor e escultor colombiano, conhecido por suas pinturas e esculturas de personagens roliços, gordinhos e estáticos. (seus personagens são retratados propositalmente sem movimento, uma espécie de crítica social)


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